Lembranças
Nos dias de hoje, quando ando tão distraída e minha memória anda neglicenciada, fico feliz quando lembro de algo do passado (não tão distante porque ainda não tenho idade pra isso). Parece coisa de velha, mas não é, rs.
Às vezes são flashes da infância, como o cheiro gostoso da lancheira no prézinho, quando as pessoas eram enormes e a escola parecia muito maior e bonita; quando eu tinha a visão do umbigo das pessoas. Ou ainda do cheiro do mimeógrafo, de quando ao fazer a prova eu ficava feliz porque sabia tudo.
Gostoso é lembrar das sensações das novidades, dos episódios das primeiras vezes que fazemos algo quando estamos crescendo: a chave de casa que ganhamos, o primeiro ônibus que a gente entra, o primeiro beijo, o primeiro olhar fulminante e todas as outras novidades que fazem a gente acreditar que crescemos.
A felicidade também está nisso. Não há quase nada melhor do que a sensação do novo, do desconhecido e de sabermos que conseguimos.
Mas mudar, chega uma certa idade, torna-se normal. Dá medo em alguns, mas ela é sempre necessária. É o que nos move.
Recuso ser refém da angústia, do medo, de tudo que me põe pra baixo; de tudo que faz eu me sentir como não sou... porque mesmo quando achamos que não fizemos nada nessa vida, existem coisas para desmentirem: a primeira - nosso sonho, a segunda, se formos atentos, é a nossa história, com cada detalhezinho, com cada frio na barriga, com cada gargalhada ou choradeira que nos trouxe, que nos faz ser o que somos e isso é insubstituível.

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